Por: António Montezo
A origem do povoado não se consegue por enquanto determinar, mas apontamos para os finais do século XIV, na sequência da Lei das Sesmarias publicadas por D. Fernando em 1375. A aldeia em 1527, no numeramento de D. João III, apresentava 61 fogos (cerca de 240 habitantes). Desde então a população da freguesia cresceu em bom ritmo tendo atingido 3.191 habitantes no recenseamento de 1940.
A freguesia pertenceu à Ordem de Avis, e mais tarde em 1654 foi integrada na Casa do Infantado, cujo primeiro donatário foi o infante D. Pedro, até à extinção da mesma em 1834.
A igreja matriz, de configuração acastelada na cobertura da capela-mor, indicia uma imitação da matriz de S. João Batista (Moura). A sua fundação, à falta de melhor prova, situar-se-á em finais do séc. XV ou princípios do séc. XVI, sendo certo que será anterior a 1534, data em que foi visitada por um enviado do Bispado de Évora. A igreja guarda ainda a cruz de Avis e a cruz de Santiago e o tecto da capela-mor mostra interessantes frescos dos quatro evangelistas: S. Marcos, S. Mateus, S. Lucas e S. João.
Quanto ao culto religioso, existiram duas irmandades: Nossa Senhora do Rosário, fundada em 1690 e a do Santíssimo Sacramento.
As duas igrejas da freguesia pertenceram ao Bispado de Évora até 1700 altura em que passaram para o recém criado Bispado de Beja.
Relativamente à presença humana na freguesia, não existem muitos estudos publicados sobre a matéria, além da referência à Cabana da Herdade das Antas (VIANA, 1957:40-45); às Antas da Póvoa de S. Miguel (LIMA: 1988:34-38). Contudo, a área da freguesia regista vestígios de ocupação que vão desde o período Paleolítico até ao domínio islâmico. Conhecem-se machados de pedra polida do Neolítico; lanças e machados do Calcolítico, sendo que o Castelo das Juntas remete-nos para a Idade do Ferro, local onde se encontraram alguns denários republicanos dos séc. II e I a.C.1
Denário
Durante a ocupação romana, a freguesia pertenceu à província da Bética e, dessa época, existem bastantes marcas atestadas por múltiplos casais rurais, merecendo especial destaque as villaes da Ponte de Pau e das Piçarras. Do islamismo destacam-se vestígios em quase toda a área da freguesia, com especial relevo na Defesa, Castelhanos e Pata.
1Cf. “A propósito de um conjunto de glandes plumbeae” por Rui Mataloto, in CIRA Arqueologia no 3, dez/2014